Vanguard Years

Sunday, February 19, 2006

Nómada


-Quero ser nómada? Posso?”- perguntei hoje isto a minha mãe.
-Maria, não sejas parva, tiras um curso e depois logo vês isso, não digas baboseiras.- disse-me ela.
E se eu disser que quero mesmo ser nómada?? Quero andar aí...simplesmente andar... conhecer tudo e todos, todas as culturas modos de vida, maneiras de estar, todas as pessoas todos os feitios e a isto eu chamo viver! Quero perder me... quero voltar a encontrar me mas não quero que a minha vida se torne monótona como a de todos os que me rodeiam... não quero uma rotina... isso não é vida para mim!! Secalhar ate vai ser, aos 60 anos mas mesmo assim não sei.
Como posso conhecer-me se não conheço o que me rodeia?
Será que esta vontade de conhecer tudo é má?
Será que é um “devaneio da juventude” (como diria a minha professora steffana)? Ou uma fritisse (como diriam as minhas amigas que não me conhecem)?
O facto de não querer ter uma vida rotineira, uma chamada vida “normal”... o que é uma vida normal???? Ter uma casa, emprego, eu como sou mulher cuidar da cozinha e todas as lidas domesticas, ter filhinhos e dedicar-me a eles 100%, deixar de ter o que se chama grandes amigos, não se deixa completamente mas deixam de ser os mesmos com a mesma simplicidade, e é incrível e mais uma vez pode ser falta de maturidade, mas eu não me imagino a viver sem eles, sem ir tomar o meu cafezinho, estar horas á conversa, ajudar, ser ajudada e a partir de uma certa idade deixa de ser assim... Porquê? Porque é que com a idade as coisas tendem sempre a ficar mais complicadas? Afinal de contas porque é que se eu de facto quiser ser e for nómada simplesmente perder-me na imensidão que é o nosso mundo, vou sofrer com grande certeza discriminação. Porque é que há de ser tudo sempre o chamado “normal” quando na verdade nada é normal, não passa só de uma fachada que as pessoas fazem questão de manter? Para quê? Para quê sempre a tendência para mostrarmos que somos mais, melhores do que aquilo que realmente somos, porque é que desistimos daquilo que mais queremos para aparentarmos ser normais, sempre presos por esta sociedade.
Vale a pena eu desistir para deixar de ter estes “devaneios”…“fritisses”…??
Porque é que hoje em dia está tudo estereotipado? O que é diferente não presta a menos claro, que seja um telemóvel de 500 euros ultima geração que é uma inovação super útil e isto sim é diferente e aceite... mas pessoas com convicções diferentes das ditas “normais” já são malucas ou sem o mínimo de bom senso. Afinal de contas o que é o “normal”? e para quê ser “normal”? ninguém é normal, toda a gente quer aparentar ser e há um filme que mostra isso muitíssimo bem, o “American Beauty”.
E mais uma vez pergunto me o que são as aparências? Para o que é que elas servem? O que é que interessa mais, uma pessoa sem piercings sem tatuagens com um ar muito asseado que fez a escola toda a seguir foi para a faculdade acabou com uma media razoável, entrou para o primeiro emprego porque o pai tinha um amigo que precisava mesmo muito de exactamente de alguém com aquelas habilitações (é incrível não é? Mas estas coincidências do amigo do amigo do nosso pai são mais que muitas! Afinal de contas quem tem um pai com os conhecimentos certos tem tudo...) a rapariguinha começa a trabalhar, e devido a ter sido sempre tão “normal” coitadita não viu nada, nem metade daquilo que devia, e por consequência não tem opiniões nem conhecimento para conseguir ter uma conversa sem ser a manicure ou a cabeleireira, afinal o pai com amigos não dá tudo...ou ter uma rapariguinha furada que já fumou charros que já esteve em festões de musica electrónica, que já tomou estupefacientes, mas que conhece (obviamente não tudo pois é uma rapariguinha) e sabe ter uma conversa tendo opiniões formadas sendo esforçada sempre por saber mais e com cultura...mas aqui á um pequeno parêntesis ela não andou na faculdade, e coitada não tem um pai com amigos na área e então não é qualificada para o emprego!
Eu só penso que nós só temos uma vida (pelo menos que esteja ate agora provado) e supostamente nós é que escolhemos o que vamos fazer dela, mas mais uma vez isto é só o suposto porque já está tudo definido, porque a mãe sempre sonhou uma coisa e o pai claro sempre a incentivou, e a criança, adolescente, adulto seja o que for fica sem hipótese... e acaba sempre por optar pela dita vida normal!
Mas se nós só temos uma vida porque é que havemos de fazer dela o normal se já sabemos qual é o resultado?
Porque é que não havemos de seguir pelo estranho, arriscado, maluco e ver o que dá?
Ser normal.... não sou, e muito sinceramente espero não vir a ser!

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